quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Filé de frango

Sabe quando você está com desejo de comer aquele cheddar mc melt e você, preocupada em engordar, não come, troca por um filé de frango grelhado sem graça?
É essa a sensação que eu tenho quando eu preciso falar algo e não falo: me sinto frustrada!
Às vezes, digo, muitas vezes eu passo por cima das minhas próprias palavras pra não magoar as pessoas e acabo com meu filé de frango. Há outros momentos também, que pra manter a situação agradável, você guarda tudo pra você, engole e só concorda com a cabeça, e claro, fica com o filé de frango.
O filé de frango tornou-se uma tristeza pra mim. É a carne mais sem graça e sonsa. Não tem porque ficar comendo isso pra sempre.
Ficar frustrado nunca é bom. Sei que tem o anjinho e o diabinho aqui falando. É como se a frustração fosse eu aceitar o conselho do anjinho, pra eu passar de boa moça, e ai, claro, me frusto porque o diabinho deixaria eu falar o que eu quisesse, deixaria eu ser “feliz” ou “infeliz” na minha explicação, no meu posicionamento.
É aquela coisa que vai além do bem e do mal, porque não existe o bem e o mal, existe o viver. Isso é real. Por isso creio que o diabinho é do bem e o anjinho é do mal.
Tem coisa pior do que mulher fazendo tipo pra conquistar um homem?
O anjinho fala pra ela: não se entregue na primeira noite.
O diabinho fala: vai lá e arrasa!
Não falar ou não agir da forma que você quer ou que é só lhe trará filés de frango, até você se empanturrar e começar a “vomitar” todas as atitudes que precisa tomar.
Por isso, coma, beba, faça, grite, espante, simule, estimule e viva intensamente as picanhas, as costelinhas, os pastéis, os cheddars, os big macs, mas não engula mais filé de frango.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Reflexos

Ouvindo certa canção, me peguei pensando nesse verso “Onde você ainda se reconhece: na foto passada ou no espelho de agora?” – a lista/ Oswaldo Montenegro.
Lembrei-me então do conto de Guimarães, onde tal homem se perde no contemplamento do seu reflexo e de tanto se questionar, se perde, desnorteia-se entre a realidade e a imaginação.
Entendo que todos passamos por essa situação uma vez na vida, quer dizer, muitas vezes na vida. Afinal, identificar-se é algo difícil, algo quase impossível porque para nós mesmos somos indecifráveis, talvez por nosso ego, alterego, id.... por tudo!
Olhar-se no espelho não significa saber quem você é. Nem significa se reconhecer. De tanto olhar sua imagem, você se acostuma, e quando tem que pensar em realmente quem você é, você não consegue se definir em uma palavra.
Alias, definição em uma palavra. Quem inventou isso? Acho que foi naqueles caderinhos de perguntas que rolavam na 5º série que tinha essa bendita pergunta: defina-se em uma palavra só!
Para mim, que falo pouco e sou tudo ao mesmo tempo, isso é impossível! Lembro que já me defini como espontânea, sincera, alegre, feliz, tanta coisa.... mas nenhuma definição se encaixaria hoje. Porque hoje o momento é completamente diferente da 5º série.
Embora eu acredite que o que muda são os personagens e não as histórias, até elas terminarem seu ciclo, os momentos nos definem mais do que nossa própria personalidade. Se bem que há características peculiares de nosso comportamento que todos identificam, que independe da época.
Posso afirmar com convecção que 100% dos meus amigos sabem o quanto sou “8 ou 80”.. hauhauahua... que isso faz parte da minha personalidade. Mas também posso afirmar que 100% das pessoas que convivo hoje olham pra mim e dizem: você é uma pessoa alegre!
Na 5º série, a professora amava minhas redações. No 2º colegial, eu vivia na bagunça com os meninos. Na faculdade, eu era a anti-social metida a besta. No meu primeiro trabalho, eu era a esquisita, no segundo eu era a hiponga, no terceiro eu era a capaz, e assim foi sendo.
Todavia, é importante demais os outros nos identificarem. Mas o mais importante é a gente saber quem realmente é. Não devemos nos perder no espelho, mas passar algum tempo admirando todas as suas linhas de expressões porque você se expressou, as rugas da idade, porque você amadureceu, a expressão tímida do olhar porque você se apaixonou, as lágrimas correndo porque você chorou...
E além do superficial, é necessário e imprecindível enxergar quem você se tornou ao longo dos tempos, quais as caracterísitas são natas e quais são do momento. Porque quando a gente se conhece e se admira, as coisas baixas não nos atingem, não somos alvos fáceis. Nos protegemos porque se tem a consciencia de que tudo é muito pequeno perto da rocha que nos tornamos.
E se eu fosse responder ao verso da música, eu diria: me reconheço na foto passada e no espelho de agora porque eu continuo a mesma, com as mesmas caracterísiticas, vivendo momentos diferentes. E digo mais, lembro ainda de outra música “Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher, sou minha mãe e minha filha, Minha irmã, minha menina, mas sou minha, só minha e não de quem quiser...”
Essa é a melhor frase: “mas sou minha, só minha e não de quem quiser...” porque é isso que o espelho nos reflete, nossa liberdade, nossa singularidade, nossa essencia, nossa ausencias, nossa  independência e claro, carencias.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Conto 2

Um calor imenso invadia aquela manha, agitada, ela se levantou da cama e foi preparar o café. Antes, olhou pro marido ainda deitado na cama, e parada ficou por alguns instantes. Foi pra cozinha, esquentou a água, preparou o café, esquentou o pãozinho, o leite, tudo perfeitamente.
Em poucos instantes, seu marido levantou e foi atrás dela. Deu-lhe um beijo de bom dia, pegou o jornal, sentou-se a mesa e tomou seu café-da-manhã.
Ambos a mesa, cada um em seu canto. Tantos anos de conhecimento, mas nada suficiente pra se iniciar uma conversa. Às vezes ela tenta, mas nunca e ouvida.
A rotina diária trouxe aquele casal uma certa solidão, mesmo morando na mesma casa, se esbarrando o tempo inteiro, não há mais prazer, não há mais porque para eles se olharem, conversarem, se amarem.
Agora já esta tarde. O sol invade a sala, incomoda os olhares, desvia a atenção. Ela levanta, vai fechar a cortina e vê naquela janela tão grande, o sol se pondo, as pessoas conversando, um casal a namorar, crianças brincando. Por detrás da janela, fixa seu olhar no nada, no vazio, seus pensamentos voam longe e como se não pudesse controlar, uma lagrima escorre por seu rosto. A imensidão do seu pensamento, leva sua vida a lugares extintos, e então, corroendo as magoas e lamurias deixa a cortina, e sai.
Agora fixa seus olhos na televisão. Vê sua vida passar naquela tela. Imagens felizes a enche de esperança. E então, sorri. Um sorriso tão escondido quanto aquelas imagens em sua mente.A rotina diária de sua vida, a transformara em seu maior pesadelo, em tudo aquilo que nunca imaginou ser.
E da bela tarde, chega a noite. Deitados na cama, tão sem jeito e tão sem pudor, tenta agora um carinho, uma maneira de chegar perto de seu homem e se sentir mulher. Virado de um lado, ela de outro. Já não consegue mais um agrado, nem agradar. Tudo parece tão intenso e passageiro naquela noite de sono.
Seu marido, observando o seu desejo, insiste em tentar conquista-la, mas e inútil, juntos naquela cama, eles só se magoam, só se machucam e insistem em algo que já não da mais prazer, já não da mais para se ter.
Então, insatisfeita com todas as tentativas, ela resolve deitar e dormir. E em seus sonhos, o príncipe encantado aparece para salva-la. Todo amor da a ela. A liberta, a seduz, a possui e a ama tão loucamente, tão surreal quanto aquele sonho febril. É na noite que se realiza, é na noite que a fantasia domina sua vida e aquela rotina é esquecida e o prazer volta a invadir sua alma, seu coração e sua atenção.
Mas o fim chega logo, é preciso acordar e voltar a rotina. O relógio já despertou. O marido já levantou. A semana começa agora e é preciso levantar pra fazer o café.



domingo, 9 de janeiro de 2011

Nas nuvens


Porque aqui de cima você é tão pequeno e desaparece por entre as nuvens que me rodeiam.
Porque aqui do alto você nem aparece, só enxergo as luzes que pra mim esclarecem, escurecem, enaltecem o quão superior eu sou.
Sua insignificância é tanta que me divirto nos raios de sol e me rendo à imensidão do mar.
Por isso te digo: problema querido, não te olharei nunca mais com os mesmos olhos,
Depois de tão sublime descoberta, encaro agora a realidade que você é nada perto de mim.
Porque aqui de cima vi realmente que há coisas muito maiores e bonitas,
Que juntos aos problemas dos outros, formamos uma cidade e a vista aqui  é divina
E que eu tenho os braços fortes pra abraçar o mundo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Chega, mas....

Chega de querer achar respostas quando ninguém as tem, quando é você quem deveria saber!
Chega de se enfrentar no espelho e rebelar-se contra sua beleza, sua fraqueza é tão óbvia.
Afaste-se do mal necessário e esqueça os desejos cultivados em sonho.
Sonho qual lhe deixou angustiada, sonho tal que a deixou na solidão.
Hoje indecisa só continuas a sofrer e sofrendo assim não enganas ninguém.
Chega coração de tentar suicídio, de ser tão esquizofrênico.
Agora, chega mais pra perto, me pegue em seus braços,
me diga apenas um oi, que eu esqueço tudo....